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Maternidade aos 40!


A entrar de licença de maternidade e a aguardar a chegada da minha primeira filha :)


Novos desafios para quem está quase a fazer 40 anos!


Quando já me diziam que dificilmente seria mãe por causa da idade e essas crenças que nos põem na cabeça (e que se não temos cuidado acabamos por acreditar) eis que tenho a surpresa de descobrir a gravidez!


Sendo psicoterapeuta corporal oiço muitas vezes em consultório estas crenças e um dos objetivos da psicoterapia é procurarmos desmistificar em conjunto o que de facto é a realidade para cada mulher.

Nestes 9 meses de gestação fui também contactando com outras mulheres e percebi que há de facto muitos mitos que começam logo no serviços de saúde em forma de protocolos. "Se daqui a um ano não tiver engravidado venha logo cá para ser encaminhada para consulta de infertilidade porque já sabe que a partir dos 40 anos é muito mais dificil engravidar!" Esta foi a frase que ouvi assim do nada quando comecei a fazer as análises iniciais e numa altura em que inconscientemente a questão idade estava já a pesar-me!


Foi o ponto de partida para lidar com as minhas próprias crenças! Um entrave psicológico que se podia tornar entrave fisiológico. O nosso corpo não distingue o real do imaginário e se penso que não consigo algo, a profecia concretiza-se! Cuidar dos nossos pensamentos é um dos aspetos mais importantes no processo psicoterapêutico.


O contacto com mulheres que engravidaram com 44 anos de forma inesperada e outras com 37 que não conseguem engravidar fez-me também ponderar nesta questão: quando é a idade certa para engravidar? E cada vez me fica mais claro que não há uma resposta linear. Há vários aspectos a ter em conta, desde a estabilidade emocional e a maturidade, o impacto na realização profissional e construção de carreira, às questões financeiras e os riscos para a saúde associados. Tudo isto deve ser olhado a nível individual, mas também enquanto casal.


Por vezes há questões físicas que têm de ser ultrapassadas que podem surgir. Para isso fazem-se vários exames (dolorosos e muitas vezes dolorosos pela espera do resultado). Um dos mitos é que as questões fisiológicas são inerentes à mulher - ela é que não consegue conceber! Quando a questão tem a ver com o homem as alternativas passam a ser menores e os procedimentos clínicos muitas vezes só podem ser realizados a nível privado. O apoio psicológico nem sempre é contemplado! O casal pode entrar em rutura porque o diálogo não é promovido e o homem sente-se inferiorizado.


Não vou entrar aqui nas questões de papel (isso daria outro post ou vários posts) mas é importante referir que o nascimento de uma mãe tanto pode começar no momento em que a mulher decide que quer ter filhos (biológicos ou adotados), como quando a mulher se dedica a um projeto. E pode até nem acontecer! Conheço mulheres que têm filhos que me dizem que foi o pior que lhes aconteceu! E que deixam a função maternidade para outros cuidadores pois não se sentem capazes de cuidar. E há homens que sempre quiseram ser pais e quando confrontados com as questões fisiológicas se deixam cair no abismo porque isso põe em causa a sua masculinidade. Cada situação é única, não podemos generalizar!


E sim! Por mais estranho que possa parecer (sim estou a ser irónica para quem acha que isso é anti natura!) há de facto mulheres que não querem ter filhos e isso não faz delas menos mulheres! São escolhas de vida e há que respeitar. Mais uma vez cada ser é único, tem a sua própria história.


A minha mensagem é simples: não se deixem levar pelas crenças da sociedade! No que se refere à maternidade (e podia ser válido para qualquer tema de vida), vejam o que vos faz sentido e não tem mal nenhum se de um momento para o outro mudarem de ideias. O importante é a congruência entre o pensamento, a emoção e a ação. Penso ser mãe e tenho as condições que para mim (e para o meu companheiro) são as ideais para ser mãe, sinto-me mãe e desejo este filho, então quando acontece é um milagre da vida! E se as crenças estão demasiado presentes, não tem mal nenhum pedir ajuda para as desmistificar. O apoio é muito importante em fases de transição.



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