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Períodos de transição


 

Ao longo da nossa vida vamos passando por vários períodos de transição. O que os torna críticos - problemáticos e até dolorosos - é que para os atravessarmos com êxito, temos de prescindir de conceitos e formas antigas de fazer e olhar as coisas. Por vezes, não estamos dispostos ou sentimo-nos incapazes de sofrer a dor de prescindir do ultrapassado que tem de ser posto de parte. Em consequência, agarramo-nos, por vezes para sempre, aos velhos padrões de pensamento e de comportamento, deixando assim de ultrapassar qualquer crise, de crescer verdadeiramente, e de experimentar a alegre sensação de renascer que acompanha a transição conseguida para a maior maturidade. Os períodos de transição são muitos. Para referência, fica a lista enumerada por Scott Peck no seu livro "O Caminho Menos Percorrido", considerando a ordem de ocorrência (aproximada), algumas das condições, desejos e atitudes a que temos de renunciar no decurso de uma vida evolutiva verdadeiramente conseguida: O estado da infância, em que não é necessário corresponder a solicitações exteriores. A fantasia da omnipotência. O desejo da posse total (incluindo sexual) dos pais. A dependência da infância. Imagens distorcidas dos pais. A omnipotência da adolescência. A "liberdade" de não compromisso. A agilidade da juventude. A atração sexual e/ou potência da juventude. A fantasia da imortalidade. A autoridade sobre os filhos. Diversas formas de poder temporal. A independência da saúde física. E, por fim, o Eu e a própria Vida. É frequente nestes momentos de transição surgirem sintomas e sinais de depressão, ansiedade e stress: são indicação que simplesmente não estamos preparados a passar para a fase seguinte, ficamos cristalizados e sentimo-nos impotentes para conscientemente reconhecer que o velho "Eu" e "como as coisas eram" estão ultrapassados e que é necessária uma grande mudança para conseguir uma adaptação bem sucedida e evolutiva. Olhar para estas fases de transição constitui o desafio máximo de qualquer um, porque significa o estar aberto a observar com carinho onde se encontra o desequilíbrio que impede a suprema alegria de viver.

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