Musicoterapia: a abordagem terapêutica não verbal
"A possibilidade de comunicar sem usar a palavra,
abre todo um campo que permite estabelecer novos vínculos"
Rolando Benenzon
Objetivos da musicoterapia
Melhorar a qualidade de vida das pessoas é o principal objetivo da musicoterapia, uma abordagem terapêutica que utiliza a comunicação não verbal para abrir canais de comunicação entre o cliente e o terapeuta e que não significa apenas ouvir, mas também usar outros sentidos corporais. Cada ser humano tem uma identidade sonora que o caracteriza e o diferencia do outro, uma espécie de impressão digital sonora que depende da sua herança paterna e materna, da sua história durante os nove meses de vida intrauterina e do seu desenvolvimento cultural e social.
Aplicações da musicoterapia
A musicoterapia tem uma aplicação relevante com pessoas que estão privadas do uso da fala, mas que conservam a sua memoria, como pacientes em coma ou que sofrem de autismo, psicoses graves, de Alzheimer, ou pessoas em fases terminais.
O musicoterapeuta é o último profissional que acompanha até à morte um paciente, porque onde nem o médico ou enfermeiro podem atuar, o musicoterapeuta pode continuar a comunicar através de uma terapia não verbal.
Tem também aplicação com pessoas que mantém a linguagem verbal, mas em que esta comunicação pode estar deturpada. Pessoas que sofrem de fobia social e isolamento devido a problemas com a família, pessoas com dependências aditivas, ou pessoas com distúrbios alimentares como anorexia ou bulimia.
A musicoterapia é também uma abordagem a ter em conta no momento da gravidez. Ajudar a gestante (e o seu companheiro) a aprender a comunicar com o feto é de facto importante, porque a forma como canta, respira ou se move tem impacto. Um ser humano é único e irrepetível, e tudo o que ocorre durante a vida uterina tem um profundo significado na vida futura.
Vínculo com o terapeuta
Ao contrário do que às vezes se pode especular, não existe uma música para uma determinada patologia mas o que acontece nas sessões é que se vai produzindo um vínculo com o terapeuta que se mede utilizando o contexto não verbal que inclui não só os sons ou a música, mas também os movimentos, gestos, cheiro, temperatura ou sensações tácteis.
Nesse vínculo é importante todo o corpo, não só o ouvido ou a pele, mas todos os fenómenos perceptivos que o corpo possui. Um paciente em coma, por exemplo, comunica através da sua pele: a cor, a transpiração, a tensão, os “pelos em pé”, a textura, a temperatura ou o cheiro.
A musicoterapia não cura, mas melhora a qualidade de vida. A sua inclusão em contexto escolar seria uma oportunidade para melhorar a integração e interação entre alunos, entre alunos e professores, entre professores e pais bem como entre todos os profissionais que atuam neste contexto, seria portanto uma via para restabelecer um vínculo que hoje em dia está bastante ferido.